Até aí, tudo bem. O problema é que, por conta disso, aspectos nada louváveis das sociedades podem acabar aparecendo em uma série de palavras e expressões - que, às vezes, usamos sem perceber.
Um exemplo é o capacitismo: a discriminação e o preconceito contra pessoas com deficiência (PCD) física ou mental. A mentalidade capacitista pressupõe que esses indivíduos são necessariamente menos aptos a realizar tarefas do cotidiano ou incapazes de vivenciar determinadas experiências.
, diz o psiquiatra Thiago Rodrigo, professor colaborador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Isso porque essa mentalidade constrange e afasta do convívio social quem tem esses transtornos - ou mesmo pessoas próximas a eles - e dificulta a adesão ao tratamento.O preconceito e o estigma colocam diversas barreiras no diagnóstico e tratamento de transtornos mentais
Além de dificultar o diagnóstico e o tratamento, o preconceito acaba banalizando algumas condições, por exemplo - pense como é comum ouvir por aí que "Fulano é bipolar" porque teve uma mudança de humor, ou que "Ciclano tem TOC" porque é perfeccionista.
A boa notícia é que podemos rever o uso de palavras e expressões nada gentis - afinal, a língua está sempre em transformação e pode ser mais inclusiva.
, explica Thiago, que é especialista em esquizofrenia.A educação em saúde e a mudança de vocabulário podem trazer uma mudança cultural e fazer com que essas pessoas se sintam mais acolhidas, além de mostrar que essas condições são normais